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Cirurgiões tiram dúvidas sobre indicações e diferenças entre técnicas de cirurgia bariátrica

Cirurgiões tiram dúvidas sobre indicações e diferenças entre técnicas de cirurgia bariátrica

As diferenças entre as técnicas de cirurgias bariátricas e suas indicações para o tratamento da obesidade são questionamentos comuns de pacientes em consultórios pelo país. Pensando nisso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) reuniu três cirurgiões bariátricos para debater sobre o tema no Barilive desta semana.

Luiz Vicente Berti, diretor executivo e ex-presidente da SBCBM e Thomas Szegö, doutor em cirurgia pela Universidade de São Paulo (USP), ex-presidente e presidente do Conselho Deliberativo da SBCBM, sob mediação do cirurgião bariátrico e presidente do capítulo do Estado de São Paulo da SBCBM, Alexander Morrell, foram os convidados da noite de terça-feira (31).

Para abrir a discussão, os cirurgiões reforçam que existem métodos restritivos e disabsortivos. No primeiro, a cirurgia diminui a quantidade de alimentos que o estômago é capaz de receber, restringem a quantidade e induzem a sensação de saciedade precoce. No segundo, as cirurgias teoricamente alteram pouco o tamanho e a capacidade do estômago, mas alteram drasticamente a absorção dos alimentos a nível de intestino delgado.

No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprova quatro métodos cirúrgicos, sendo eles: bypass gástrico; gastrectomia vertical (conhecida popularmente como sleeve); banda gástrica ajustável; e duodenal switch. As duas últimas já caíram em desuso e raramente são indicadas. A resolução do CFM também reconhece o uso do balão intragástrico como terapia auxiliar no tratamento da obesidade.

“É muito importante que o paciente procure um profissional habilitado em fazer a cirurgia bariátrica e metabólica, que pertença a Sociedade; questioná-lo sobre qual procedimento ele pretende realizar. Existem algumas cirurgias que o cirurgião realiza por conta própria. É um cirurgião que resolveu inventar uma cirurgia que não está catalogada, sem reconhecimento da comunidade científica”, alerta o Alexander Morrell. “É importante que o paciente tenha ideia de qual procedimento vai realizar. Ele [o paciente] não pode delegar ao médico o poder de escolher uma cirurgia que ele não saiba que será submetido”, afirma o mediador.

Bypass gástrico

Estudado desde a década de 60, o by-pass gástrico é a técnica bariátrica mais praticada no Brasil, correspondendo a 75% das cirurgias realizadas, devido a sua segurança e, principalmente, sua eficácia. O paciente submetido à cirurgia perde de 70% a 80% do excesso de peso inicial.Nesse procedimento misto, é feito o grampeamento de parte do estômago, que reduz o espaço para o alimento, e um desvio do intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome. Essa somatória entre menor ingestão de alimentos e aumento da saciedade é o que leva ao emagrecimento, além de controlar o diabetes e outras doenças, como a hipertensão arterial.

Gastrectomia Vertical

Também conhecida como cirurgia de Sleeve ou gastrectomia em manga de camisa. Esse procedimento é considerado restritivo e metabólico e nele o estômago é transformado em um tubo, com capacidade de 80 a 100 mililitros (ml). Essa intervenção também provoca uma boa perda de peso, comparável à do bypass gástrico e maior que a proporcionada pela banda gástrica ajustável. É um procedimento que já é feito há mais de 20 anos, tem boa eficácia sobre o controle da hipertensão e de doenças dos lipídios (colesterol e triglicérides).

Qual a técnica mais utilizada?

Segundo os especialistas, o paciente precisa ser adequado às especificidades de cada técnica cirúrgica. Com relação a dúvida sobre a técnica mais utilizada no mundo, Luiz Vicente Berti explica que os números são puxados pelas tendências lançadas nos Estados Unidos mas que em breve deve existir um equilíbrio entre os dois principais métodos.

“Hoje, no mundo, se faz mais gastrectomia vertical do que bypass. No Brasil, ainda se faz mais bypass do que gastrectomia vertical. Provavelmente, no futuro, essas curvas vão se cruzar e ficar próximas. A banda gástrica praticamente já não se faz mais”, explica Luiz Vicente Berti.

“A nossa luta é de entender onde colocar cada um dos pacientes. As duas técnicas podem ser empregadas na maioria dos pacientes, mas contra-indico a gastrectomia vertical no paciente que tem doença do refluxo gastroesofágico. Também dou preferência absoluta para o bypass em pacientes com diabetes tipo 2”, afirma Thomas Szegö.

Diferenças entre cirurgia aberta e videolaparoscópica

Na cirurgia bariátrica aberta, o cirurgião precisa fazer um corte de 10 a 20 centímetro no abdômen do paciente. Na videolaparoscopia, a cirurgia é realizada por meio de quatro a sete pequenos furos, por onde são introduzidas pinças cirúrgicas e se realiza o procedimento através de um monitor cirúrgico. Além da estética, é consenso da comunidade científica que a laparoscopia proporciona uma recuperação mais rápida e segura aos pacientes.

“A diferença em todos os sentidos é muito grande. O mais importante é a recuperação, segurança e como nós enxergamos e podemos atuar no abdômen do paciente. O paciente tem um pós-operatório muito melhor e o custo é praticamente semelhante, a recuperação é mais rápida e o conforto é muito grande”, garante Szegö. “Não se oferece cirurgia aberta para quem pode fazer laparoscópica. O grande problema no nosso país é que grande volume dos nossos pacientes não têm acesso”, finaliza o cirurgião.

Berti aproveitou a oportunidade para mencionar o Barilive que teve como tema a cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e lembrou sobre a portaria do Ministério da Saúde que autoriza a cirurgia bariátrica laparoscópica em hospitais da rede pública.

“O SUS fala que autoriza, mas não paga. O hospital, por sua vez, não pode arcar com a diferença do material – que não é grande, cerca de R$ 2 mil de diferença para um paciente que vai retornar mais cedo para o trabalho. Quem está nos escutando deveria exigir os direitos que nos são dados”, afirma Berti.

“O país não disponibiliza verba e condições necessárias para que o cirurgião, inclusive em regiões mais afastadas, possa fazer a cirurgia por via laparoscópica. É um problema que vivemos no país por condições de recursos e não porque o cirurgião não esteja habilitado ou que desconheça a portaria”, complementa Morrell.

Próxima semana

Na próxima terça-feira (7), a partir das 20 horas, na página oficial da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) no Facebook, o Barilive terá como tema “O que o paciente pode e o que não pode comer após a cirurgia bariátrica”.

 

 



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