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Obesidade, cirurgia bariátrica e diminuição da incidência de câncer

Foram relatadas associações significativas entre IMC e tumores de cólon, reto, estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas e rins



A obesidade pode causar câncer. Diabetes e doenças cardíacas têm ligações com a obesidade que muitas pessoas entendem. Mas o câncer como uma complicação da obesidade não chegou ainda ao conhecimento da população em geral. Mas qual a relação?

A inflamação crônica relacionada à obesidade é o início deste processo. As células do sistema imunológico se adaptam à inflamação decorrente da obesidade de uma forma que torna o corpo vulnerável a certos tipos de câncer. Ironicamente, em alguns casos, a resposta imunológica “ruim” à obesidade pode ajudar na resposta à imunoterapia para o câncer. Mas isso não é exatamente um prêmio de consolação. Obviamente, é melhor não estar lidando com câncer. No entanto, fornece mais pistas sobre a disfunção imunológica que ocorre entre a obesidade e o câncer.

Para cânceres de cólon, reto, estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas e rins e para adenocarcinoma de esôfago, foram relatadas associações significativas entre índice de massa corpórea (IMC) e risco de câncer. A estratificação por sexo, geralmente mostrou riscos aumentados de forma semelhante entre homens e mulheres. Associações positivas foram observadas entre o IMC e câncer de mama na pós-menopausa em vários estudos particularmente para tumores positivos para receptores de estrogênio. A obesidade após a menopausa pode aumentar o risco de câncer de mama em 30 a 50%. Além disso, ela piora o prognóstico – tanto antes quanto depois da menopausa. As taxas de sobrevivência caem significativamente em mulheres com distribuição abdominal de gordura. O risco aumenta com cada unidade de IMC. Além das mamas, existe forte associação entre IMC acima de 30 kg/m 2 (obesidade grau 1) e câncer de endométrio (útero).

Estudo publicado no JAMA Open Networks, analisou as tendências dos cânceres relacionados à obesidade. Com base em dados de 50 milhões de pessoas, os pesquisadores descobriram uma grande diferença nas tendências de mortes por câncer relacionadas à obesidade em comparação com todos os outros. Para cânceres não ligados à obesidade, as mortes estão caindo três vezes mais rápido. Isso aponta para a necessidade de mais acesso a tratamentos mais eficazes para a obesidade.

A cirurgia bariátrica é atualmente a única opção terapêutica que promove perda ponderal significante e a longo prazo. As novas medicações, apesar de seus resultados importantes, carecem de estudos de longo prazo.

Perda de peso maior que 20% do peso total por mais de dez anos mostrou ser eficaz na diminuição na incidência de todos os cânceres relacionados com a obesidade. Um estudo sueco com mais de 20 anos de seguimento comprovou a diminuição de câncer de ovário e mamas em mulheres pós-menopausa. Outros estudos de grandes bancos de dados também comprovaram a redução geral da incidência dos canceres associados à obesidade com o emagrecimento secundário à cirurgia.

Diversos pesquisadores ao redor do mundo estão buscando os mecanismos que levam a esses resultados positivos da cirurgia bariátrica sobre o câncer. Esses efeitos parecem estar ligados aos efeitos fisiológicos positivos de algumas operações, principalmente a gastroplastia em Y de Roux e também a perda de peso decorrente.

Claramente, negar às pessoas o acesso aos cuidados com a obesidade está afetando a saúde mundialmente. Além de ser a principal causa de eventos e morte cardiovascular, é preocupante o efeito sobre os cânceres que resultam da obesidade não tratada.

 

Por Dr Ricardo Cohen

fonte: VEJA, para acessar a matéria original clique aqui


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